História

Fundado em 16 de Novembro de 1919, o Grupo Pro-Évora é uma associação de defesa do património da cidade de Évora, sem fins lucrativos. É considerado o grupo português mais antigo em actividade com este objectivo estatutário.

A luta pela instalação do Museu Regional de Évora, que fora apenas formalmente criado em 1915, foi a primeira causa do Grupo e esteve na origem da sua fundação, vindo a ser consumada depois de um atribulado processo.

A acção do Grupo foi decisiva na preservação do património eborense e a ele se devem muitas iniciativas relevantes, numa época em que se assistia à mutilação de características históricas das mais interessantes da cidade de Évora. Em 1920, o Grupo foi nomeado representante na cidade da Comissão dos Monumentos do Conselho de Arte e Arqueologia e foi por iniciativa sua que foram classificados como Monumento Nacional, a partir desse ano, cerca de trinta edifícios de interesse histórico e artístico, entre os quais as torres da Rua Nova, a torre pentagonal da Rua da Selaria, o Arco de D. Isabel (porta da antiga cerca romana), os Conventos de S. Bento de Cástris, do Calvário e dos Lóios, a Igreja do Convento de Santa Clara, a torre sineira do Convento do Salvador, a Caixa de Água da Rua Nova, o Chafariz da Porta de Moura, a Porta de Avis e o Palácio dos Condes de Basto.

 

Ainda nos primeiros anos da sua vida, foi por acção do Grupo que se conseguiu a conservação e a classificação das muralhas da cidade, impedindo a sua venda em hasta pública e consequente destruição; que se promoveu o desaterro e limpeza do claustro da Sé de Évora, obra financiada por subscrição pública promovida pelo Grupo e objecto de iniciativas didácticas e pedagógicas junto de professores e estudantes; que se desenvolveram campanhas pela preservação da estética citadina e a publicação de roteiros turísticos, livros, postais e artigos na imprensa sobre o valor patrimonial eborense. Estas acções vieram a contribuir decisivamente para a posterior classificação do Centro Histórico de Évora como Património da Humanidade pela UNESCO, em 1986.

 

Ao mesmo tempo, membros do Grupo desenvolviam assídua actividade publicista em títulos da imprensa nacional e regional, em prol dos valores patrimoniais eborenses e alentejanos, intervenção que se tem mantido até à actualidade. Mencione-se a divulgação de grandes figuras de artistas alentejanos, na altura ignorados ou esquecidos, como foram os casos de Henrique Pousão e de Florbela Espanca – da poetisa calipolense, assinalem-se o longo processo, rodeado de polémicas, que, por iniciativa do Grupo, culminou na colocação de um busto seu no Jardim Público da cidade em 1949; e a Comemoração do Primeiro Centenário do Nascimento de Florbela Espanca, em 1994, com uma Exposição de Artes Plásticas, uma Exposição Bibliográfica e Iconográfica e a realização de um Ciclo de Conferências. 

 

Defensor da intervenção estética como meio privilegiado de formação cívica, promotora de uma maior sensibilidade para a própria estética citadina, o Grupo Pro-Évora apoiou e promoveu a visita de alunos das Escolas de Belas Artes de Lisboa e do Porto na década de 30 do século passado. Destaca-se também a Missão Internacional de Arte, em 1958, organizada com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, que trouxe a Évora vinte e quatro artistas de onze países, que aqui se inspiraram e deram a conhecer o resultado do seu trabalho. Nestas iniciativas, Dordio Gomes, Júlio Reis Pereira, Raul David e Júlio Resende foram grandes entusiastas e colaboradores do Grupo. A realização de exposições de artes plásticas constitui, desde então, uma actividade regular – nas últimas quatro décadas, realizaram-se cerca de oitenta exposições, com artistas como Ana Marchand, João Cutileiro, Regina Chulan, Frederico George, Sílvia Westphalen, Pedro Fazenda, Xana, Inês Teixeira, Paulo Óscar, Jorge Molder, Catherine Enke, Sofia Areal, Fernanda Fragateiro, Susana Piteira, Carlos Dutra, Rui Sanches, Leonor Serpa Branco, João Sotero, Coca Froes David, Margarida Lagarto, Gonçalo Ruivo, Elsa Gonçalves, entre muitos outros.

 

A importância do turismo para a conservação e o reconhecimento do património eborense foi assumida pelo Grupo, através de publicações de divulgação turística de diversos tipos e da afirmação da necessidade de dotar a cidade de equipamentos hoteleiros. Em 1939, 1942, 1947, 1952 e 1957, organizou Cursos de Cicerones, visando a qualificação do acompanhamento dos visitantes que acorriam a Évora, dignificando a oferta turística e a própria memória da cidade. O aluno melhor classificado do primeiro curso viria a afirmar-se na historiografia eborense e alentejana: Túlio Espanca, que colaborou intensamente nas actividades do Grupo. 

 

Outros cursos mereceram a atenção do Grupo, como aconteceu na década de 60, com a organização de Cursos de Iniciação à Arqueologia e à Música Contemporânea.

 

A realização de conferências sobre História, Arte, Literatura, Urbanismo, sempre na perspectiva da defesa do património eborense, é uma constante na acção do Grupo Pro-Évora. Ao longo dos anos, foram oradores, entre muitos outros, Jaime Cortesão, António Sérgio, Reinaldo dos Santos, Celestino David, Júlio Dantas, Sousa Pinto, João de Deus Ramos, Hernâni Cidade, Câmara Reis, João de Barros, Mário Chicó, Túlio Espanca, Artur Gusmão, Júlio Resende, João Ruas, Maria Luísa Cabral, Joaquim Manuel Magalhães, Nuno Júdice, Gonçalo Ribeiro Teles, João Rodeia, Fernando Nunes da Silva, Aurora Carapinha, Hélio Alves, Margarida Cancela de Abreu, José Lamas.

 

Por norma e salvo algumas excepções, o Grupo edita catálogos ou pagelas das exposições e das conferências que realiza, cumprindo a sua intenção publicista. Mencionem-se, também, edições de maior vulto, de que são exemplos as obras Conferências, com os textos dos conferencistas do Centenário do Nascimento de Florbela Espanca, de 1994, Pela Biblioteca Pública de Évora, defesa de uma instituição cultural, de 2001, ou Guia de Escultura Pública da Cidade de Évora, de 2014.

 

Nos quase cem anos da sua existência, o Grupo Pro-Évora foi constituindo, em consequência das exposições de artes plásticas que realizou, colecções significativas de pintura, de desenho e de escultura, que se acrescentam à sua valiosa colecção fotográfica patrimonial, que remonta ao século XIX, colocada em depósito no Arquivo Fotográfico Municipal de Évora em 2000, e à igualmente relevante e vasta colecção de zincogravuras, utilizadas nas publicações promovidas pelo Grupo nos tempos da impressão tipográfica.

 

O Grupo Pro-Évora promoveu os grandes debates sobre as modificações que, desde 1974, se projectaram para o Centro Histórico eborense, como a remodelação da Praça do Giraldo (1988), a remodelação do Rossio de S. Brás (2001), o Plano de Enquadramento Estratégico do Centro Histórico (2008), o Programa Acrópole XXI (2008), a edificação do Centro Comercial às Portas de Avis (2015), entre outros. A defesa da Biblioteca Pública de Évora mereceu uma intensa e continuada actividade, desde 1992 até ao presente, incluindo um ciclo de conferências em 1995.

 

Mais recentemente, assinalem-se a proposta para a classificação do Cromeleque dos Almendres como Monumento Nacional, que foi obtida (2015), e a defesa da classificação como Museu Nacional do então Museu de Évora, hoje Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo (2017).

 

Muitos têm sido os parceiros institucionais do Grupo Pro-Évora desde a sua fundação. Destaquem-se a Câmara Municipal de Évora, o Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo, a Biblioteca Pública de Évora, a Direcção Regional de Cultura do Alentejo, a Fundação Calouste Gulbenkian e a Fundação Eugénio de Almeida.

 

O Grupo Pro-Évora continua hoje a sua actividade como associação independente, defendendo as mesmas finalidades presentes desde a sua fundação, realizando actividades culturais, exposições e conferências, intervindo activamente em favor do património histórico e artístico da cidade de Évora. Está representado na Comissão Municipal de Arte Arqueologia e Defesa do Património, na Rede de Centros Culturais Portugueses, é membro fundador do Centro UNESCO Património Mundial de Évora e foi agraciado pela Câmara Municipal de Évora com a Medalha de Ouro da cidade no dia 29 de Junho de 1999. Está em curso o processo para a declaração de utilidade pública do Grupo Pro-Évora.

 

1919-2019

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"Em 16 de Novembro de 1919 foi formalmente fundado o Grupo Pro-Évora. Até hoje, somam-se mais de cem anos de actividade em defesa do património e de valores culturais da cidade de Évora." A Direcção